TLATELOLCO (Especial Viagem ao México)

Vista geral de Tlatelolco

Texto: Dalton Delfini Maziero
Fotos: Dalton Delfini Maziero / Sandra Regina Orsini Maziero

O presente artigo faz parte do diário de viagem do autor ao México, realizado no mês de outubro de 2012.

Parecem não ter fim as descobertas realizadas na cidade irmã de Tenochtitlán. Situada a poucos quilômetros do centro do México, Tlatelolco é hoje uma tranquila praça pública. Outrora foi um centro de cidade pré-colombiana, com um efervescente mercado popular, retratado com maestria pelo muralista Diego Rivera.

O mural de Rivera, localizado no Palácio Nacional. Nele está retratado a feira pré-hispânica que ocorria em Tlatelolco.

Para quem quiser conhecer o local, é muito fácil: na Cidade do México, basta entrar no metrô e procurar pela linha 3, que liga “Universidad” a “Indios Verdes”. A estação que deve descer leva o mesmo nome do sítio arqueológico, ou seja, ”Tlatelolco”! Contudo, a saída da estação não é na Praça das Três Culturas, onde se encontram as ruínas. Você vai passar por caminhos cobertos que cortam prédios habitacionais populares, cruzar uma avenida e depois uma praça, para então alcançar uma passagem subterrânea (por baixo de um viaduto) onde fica uma biblioteca pública. Tivemos que perguntar a três pessoas na rua que nos orientaram em que direção seguir. Portanto, faça o mesmo, pergunte! É mais fácil. Saindo do metrô, são apenas 5 minutos a pé.

Embora as ruínas façam parte de uma praça pública, elas possuem horário de visita (9:00-18:00hs, de terça a domingo). Existe um caminho a ser seguido, que é guardado por seguranças, que o orientam a não sair do trajeto e não pisar nos recintos arqueológicos. A visita é gratuita, mas devido a estar localizado em bairro mais popular, não aconselho chegar lá ao cair da noite. Prefira a parte da manhã, com sol. É mais bonito.

MAPA
Localização das construções em Tlatelolco: 1) Templo de Ehécatl-Quetzalcóatl, 2) Altares circulares sobrepuestoas, 3) Altar Tzompantli del patio sur, 4) Templo calendárico, 5) El Palacio, 6) Templo de las Pinturas, 7) Templo Mayor - Etapa II, 8) Etapas constructivas del Templo Mayor, 9) Los amantes de Tlatelolco, 10) Plataforma Oeste, 11) El Gran Basamento, 12) Calzada Tepeyac, 13) Límite norte del Recinto, 14) altar Tzomplantli del norte, 15) Iglesia y Convento de Santiago, 16) Plaza de las Tres Culturas, 17) Zona Chica, 18) Hacia el Tecpan y 19) Caja de agua, Pintura Mural de 1536

A Praça das Três Culturas é assim chamada por abrigar ruínas pré-colombianas, construções coloniais e prédios modernos uns ao lado dos outros. A exemplo das ruínas do Templo Maior, o que se vê aqui são seus fundamentos, as camadas que estavam sobrepostas e que formavam a pirâmide (templo) principal e alguns edifícios baixos do último período antes da invasão espanhola.

Perto da entrada, alguns altares pequenos e de formato circular, sobrepostos, conhecidos como Momoztli, onde o povo comum depositava suas oferendas a entidades diversas. Era um altar “genérico”. Alguns desses altares são resquícios da quarta etapa de construção do recinto cerimonial, e foi erguido na época do governante Cuauhtlatoa (1427-1467 dC).

ALTAR TZOMPANTLI SUL

O altar Conhecido como “Tzompantli Sul”, possui três etapas superpostas de construção. A primeira é representada por um altar com 4 escadarias para os quatro pontos cardeais. A segunda etapa apresenta forma retangular e um único acesso pelo lado oeste. A terceira fase de construção é representada apenas por uma plataforma retangular, sobre a qual se encontra um depósito circular usado para oferendas.

Próximo a esquina noroeste deste altar, se encontrou um conjunto de 170 crânios humanos com perfurações laterais, junto com um caracol cortado (Ehecacózcatl, símbolo de Quetzacóatl). Pela localização deste achado é muito provável que os crânios estivessem colocados sobre o altar Tzompantli.

Os Tzompantlis ou “Bandeiras de Cabeças” são estruturas de madeira nas quais se colocavam crânios humanos perfurados pela parte de trás. O conjunto de crânios descoberto está hoje exposto no Museu de Medicina de Santo Domingo.

O PALÁCIO

Nesta estrutura pode-se ver um amplo portal voltado ao sul, e que foi formado por colunas que suportavam o telhado que hoje já não existe mais.

No centro do edifício existe um pátio que se prolonga até o fundo, onde se encontra um altar e quatro habitações. Este edifício exibe diferenças arquitetônicas que o diferencia do existente em Tenochtitlán.

A distribuição dos templos da Praça Sul sugere um uso diferente do conjunto do Templo Maior, pois se considera que este de Tlatelolco teve funções cívicas religiosas.

TEMPLO DAS PINTURAS
De pequena estrutura, é chamada Templo das Pinturas porque quando foi descoberta, toda sua fachada estava coberta por pinturas murais.

A estrutura é composta por uma plataforma com escadaria do lado oriental que se estende formando seu vestíbulo. Sua construção segue a linha arquitetônica já encontrada em Teotihuacán. Em sua decoração e relevos, podemos observar desenhos geométricos e animais, com semelhanças encontradas nos templos de Tenochtitlán e Tenayuca.

TEMPLO CALENDÁRICO

O edifício apresenta uma fachada principal com dupla escadaria. Neste edifício, se encontra um conjunto de símbolos que correspondem ao calendário ritual mexica, o Tonalpohualli.


Em 1989, os arqueólogos encontraram uma pintura mural, representando um casal de velhos desdentados (Cipactónal e Oxomoco) que são os deuses criadores do calendário mexica.

A GRANDE PLATAFORMA DO OESTE
Escadarias do Templo Mayor. A Grande Plataforma Oeste fica em frente, mas estava coberta para escavações e restauro...

Em 1960, se descobriu uma plataforma, que não foi possível escavá-la por inteiro por causa da ampliação da Av. Eje Central. De qualquer forma, pelos restos expostos, podemos observar um altar circular, que fez parte do Templo dedicado a Quetzalcóatl. De acordo com fontes históricas, ela se orientava para o adoratório de Huitzilopochtli, no Templo Maior. Por sua vez, para o norte se encontravam os restos de um altar central de forma retangular frente ao adoratório dedicado a Tláloc, do mesmo Templo Maior.

O Templo Maior, em outro ângulo.

PATIO NORTE
Frente aos restos da sétima etapa de construção do Templo Maior está a Grande Plataforma Oeste, de forma retangular e com dois altares, cada um de frente aos adoratórios do Templo Principal. O adoratório do sul é circular e talvez dedicado a Quetzalcóatl. O do norte é de forma retangular.


No canto noroeste desta zona arqueológica, se encontra um altar anão, com só 1m² e 70cm de altura. Está voltado ao sul. Segundo fontes históricas, é possível que este tipo de altar fosse um “Momoztli”, um tipo de altar usado para que as pessoas do povo fizessem suas oferendas a deuses diversos.


As escavações em Tatlelolco por hora estão finalizadas. Mas obviamente existem muitos outros edifícios por baixo da praça, das avenidas laterias, dos conjuntos habitacionais e da própria Igreja de Santiago, construída pela Ordem dos Franciscanos e concluída em 1610.

Recentemente (final de 2011), inauguraram um museu se sítio ao lado das ruínas (Rua Ricardo Flores Magón, nº 1). Ainda em 2011, localizaram parte de uma escadaria referente a primeira edificação de Tlatelolco. Também as escavações nos metrôs revelaram fragmentos importantes, em várias localidades da cidade, resgatando cerca de 20 mil peças, muitas delas da cidade de Tlatelolco.

Tlatelolco foi palco de alguns massacres populares na história, entre os quais, o da conquista de Hernán Cortes sobre os povos indígenas. Neste local, defendido heroicamente por Cuauhtémoc, caiu no império asteca. Uma placa em frente ao Templo de Santiago relembra o fato: “Em 13 de agosto de 1521, heroicamente defendida por Cuauhtémoc, Tlatelolco caiu nas mãos de Cortés. Não foi nem vitória nem derrota, mas o doloroso nascimento da nação mestiça que é o México de hoje”.

Pelo amor de Deus! Leve filtro solar! Ao fundo a Igreja de Santiago (1610)

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