A CAVERNA DE TAYOS

 

Por: Dalton Delfini Maziero

A Caverna de Tayos (Equador) não é propriamente dito, um sítio arqueológico. Contudo, surgiu em torno dela, uma mitologia moderna sobre a criação da humanidade.

Independente da saga exploratória que irei descrever, Tayos é um dos complexos de cavernas mais espetaculares do mundo. Situado na província de Morana-Santiago, abre-se para a floresta tropical alta a cerca de 550 metros acima do nível do mar. Sua formação de calcário e xisto avança por quase 18km de profundidade, numa profusão labiríntica de passagens, ângulos simétricos e salões gigantes. Sua exótica formação geológica, composta por túneis cujas paredes parecem aplainadas por máquinas, deram origem ao mito que abrigaria uma cidade subterrânea, com um tesouro composto de placas de ouro e prata, onde estaria registrada a verdadeira origem da humanidade.

Desde cedo, Tayos foi usado como abrigo no Paleolítico Superior (48-10 mil anos aC) até cerca de 1.500 aC, quando os primeiros representantes do povo Shuar ocuparam-na, fazendo da caverna um local de devoção espiritual.

Para o mundo moderno, sua fama surgiu graças ao sacerdote salesiano Carlos Crespi Crocci (1891-1982), que filmou o documentário Os invencíveis Shuaras do Alto Amazônas (1926) retratando os nativos Shuar. Infelizmente, a coleção de objetos antropológicos e arqueológicos recolhidos por ele perdeu-se em um incêndio residencial. Usando do conhecimento revelado por Crocci – mas com uma conotação totalmente ocultista – o escritor Janos J. Móricz (1923-1991) divulgou nos anos 1960 haver descoberto em Tayos, indícios de uma civilização antiquíssima, possuidora de um rico tesouro contendo a verdade, sobre a origem da humanidade. A história, potencializada depois pela imaginação de Erich von Daniken na obra Ouro dos Deuses (1973) incendiou a mente das pessoas nos anos 1970, gerando várias expedições na busca dessa civilização perdida. Daniken alegava existir uma “Biblioteca de Ouro” nas profundezas de Tayos!

De todas as explorações realizadas em busca do mito de Tayos, vale a pena mencionar a de Stan Hall (1936-2008) e do astronauta Neil Armstrong (1930-2012) em 1976. Hall conseguiu formar uma equipe de 100 profissionais, entre funcionários dos governos britânico e equatoriano, espeleólogos, geólogos e cientistas. A expedição durou cerca de 10 dias e não descobriu nenhuma cidade perdida, muito menos a desejada “biblioteca de ouro”. Contudo, trouxe da caverna 100 novas espécies de borboletas, 40 de morcegos, 200 de besouros e restos humanos e cerâmica datando de 1.500 aC.

Atualmente, a filha de Stan Hall – Eileen Hall Munoz – mantem o legado do pai, mas explorando a caverna para mantê-la protegida como patrimônio natural da humanidade.

Por fim, Tayos não entregou uma civilização perdida nem sua desejada biblioteca de ouro, mas mostrou que seu verdadeiro tesouro é a jornada pelo entendimento da própria caverna e de sua história.

Fonte: A CAVERNA DE TAYOS (pagina3.com.br)

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