Aglomerado de antigas cidades perdidas na Amazônia é o maior já encontrado
Por: Lucas - 19/01/2024
Uma descoberta recente na floresta Amazônica, próxima às encostas dos Andes, envolve um conjunto de cidades antigas, datadas de aproximadamente 2.500 anos atrás. Este achado, notável pela sua idade e tamanho na região, engloba uma complexa rede de terras agrícolas e estradas. Ele destaca um período de densa população no Vale do Upano, no Equador, estendendo-se de cerca de 500 a.C. a entre 300 e 600 d.C.
A equipe de pesquisa, liderada por Stéphen Rostain do Centro Nacional Francês para Pesquisa Científica, conduziu este estudo. A equipe era composta por especialistas internacionais que utilizaram dados acumulados ao longo de duas décadas de pesquisa interdisciplinar, recentemente complementados pela tecnologia de detecção e alcance de luz (LIDAR). Esta tecnologia, crucial para revelar as estruturas ocultas, emprega pulsos de laser para mapear o terreno sob a densa vegetação, criando representações 3D da superfície do solo.
A publicação da equipe de pesquisa destaca a importância desses achados no contexto da história da Amazônia. Eles ressaltam os sítios de Upano como únicos quando comparados a outros sítios monumentais na Amazônia, principalmente devido à sua idade e às características urbanas distintas descobertas. Os sítios de Upano exibem um estilo diferente de arquitetura e planejamento urbano, distinguindo-se pelo seu layout e pela densidade das estruturas.
O uso de LIDAR em arqueologia tem sido um divisor de águas, como evidenciado pela sua aplicação na revelação de assentamentos Maias ocultos e antigos layouts de aldeias na Amazônia. É especialmente útil em regiões como a Amazônia, onde a densa vegetação obscurece características arqueológicas significativas. A capacidade da tecnologia de penetrar a copa das árvores e fornecer dados topográficos detalhados abriu novos caminhos no estudo de culturas pré-hispânicas na região.
Os pesquisadores descobriram mais de 6.000 plataformas de terra no Vale do Upano, indicativas de construções residenciais e cerimoniais. Essas plataformas, na maioria retangulares com algumas exceções circulares, eram tipicamente agrupadas ao redor de uma praça em conjuntos de três ou seis, com uma plataforma central no meio. Cada plataforma media aproximadamente 20 metros por 10 metros.
Escavações detalhadas em dois assentamentos principais, Sangay e Kilamope, revelaram uma riqueza de informações. Arqueólogos encontraram pisos domésticos com buracos de postes, depósitos, fossos, lareiras, grandes jarros, pedras de moer e sementes queimadas. Esse nível de detalhe oferece uma visão sobre a vida cotidiana e as práticas dos habitantes.
Além disso, os dados do LIDAR mostraram que os espaços abertos entre os assentamentos não eram deixados sem uso. Essas áreas eram campos cultivados para culturas como milho, feijão, batata-doce e mandioca. O uso eficiente da terra e a sofisticação nas práticas agrícolas refletem as capacidades de engenharia dessas culturas antigas.
Os achados desafiam a visão tradicional da Amazônia como uma floresta intocada, sugerindo uma paisagem significativamente alterada pela atividade humana. A descoberta sublinha a dupla herança da Amazônia – tanto ambiental quanto cultural – e sugere que muito de sua história humana permanece inexplorada.
Este estudo foi publicado na revista Science.
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