Cidade inca descoberta embaixo de Santiago do Chile
Visão
aérea de Santiago, Chile, em 29 de janeiro de 2013 (Pablo Porciuncula/AFP/Getty
Images)
Investigadores chilenos recuperaram objetos arqueológicos, mapas e
escritos que demonstram que a capital chilena de Santiago foi fundada num
centro urbano inca.
Esta teoria existe há décadas, mas faltava evidência para prová-la,
assim, Rubén Stehberg, um arqueólogo do Museu Nacional de História Natural do
Chile, e Gonzalo Sotomayor, um pesquisador da Universidade Andrés Bello,
decidiram encontrar evidências.
Os pesquisadores desenterraram documentos coloniais e mapas publicados e
não publicados que fornecem forte evidência de um importante centro da
civilização inca já existente no local de Santiago quando os espanhóis
chegaram.
Stehberg e Sotomayor inclinaram a balança em favor da visão de que
Santiago teria sido um centro inca, ao invés de uma terra relativamente
subdesenvolvida e construída pela colonização espanhola.
Não muito longe do rio Mapocho havia uma praça pública ladeada por
sinais de uma próspera civilização – casas, armazéns, valas e canais – a sede
do poder de onde o governador inca Quilicanta reinou em tempos protohistóricos
(um período pouco antes do início da história registrada de uma cultura). Esta
é a visão elucidada pelo relatório de Stehberg e Sotomayor que foi publicado em
janeiro.
Em 1541, a expedição comandada por Pedro de Valdivia reivindicou o local
e estabeleceu a colônia espanhola de Santiago.
“Há existência de que este importante povoado inca nas margens do rio
Mapocho [Santiago] tinha um avançado sistema de irrigação e uma população indígena abundante”, diz o relatório
publicado no Museu Nacional de História Natural do Chile. “Isto rapidamente
convenceu Pedro de Valdivia e seus homens a se estabelecerem na área”, que mais
tarde foi chamada “Santiago da Nova Estremadura”.
Os pesquisadores também contribuíram para o debate de décadas com uma
nova referência histórica, um “grande tambo, que fica ao lado da praça da
cidade”, sendo ‘tambo’ um termo inca para edifício administrativo. Ele estaria
no mesmo lugar em que os europeus estabeleceram sua praça principal, a Praça de
Armas.
O relatório reconhece que é possível que os espanhóis tenham construído
este “tambo” e que a referência inca seja a uma estrutura espanhola, mas esta
também poderia ser interpretada como uma estrutura inca tomada pelos europeus.
A evidência arqueológica foi encontrada sob a superfície da metade sul
da bacia do rio Mapocho.
Alguns dos achados são de um local na esquina das ruas Catedral e
Matucana em Santiago. Cinco sítios funerários, com 22 vasos de cerâmica inca
foram exumados em 2001.
Cronistas citados explicavam os ritos funerários incas: os mortos são
vestidos com as roupas “mais íntimas que tinham” e em suas mãos são colocadas
milho, feijão, pedaços de abóbora e sementes. Eles são embalados com cordas e
colocados no chão com jarros, potes e tigelas.
Ao datarem os túmulos, os arqueólogos descobriram que eles fornecem
fortes evidências da existência da cidade inca antes da chegada dos europeus na
área, segundo o relatório.
Stehberg e Sotomayor coletaram muitas descrições de valas e canais
incas, juntamente com mapas. Os pesquisadores também fizeram referência ao
historiador Gerónimo de Vivar, que foi testemunha ocular do estabelecimento de
Santiago enquanto companheiro de Pedro de Valdivia.
“Dom Pedro teve a
intenção de popular uma cidade como Cusco nas margens do rio Mapocho, onde os
índios poderiam vir e servir”, escreveu Vivar. A cidade inca corresponde a essa
descrição, concluíram Stehberg e Sotomayor.
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