Tecnologia remove máscaras mortuárias de humanos que viveram entre os séculos 13 e 18
As máscaras foram fundidas ao rosto, cobrindo toda a face e a mandíbula dos quatro corpos mumificados, encontrados na Colômbia
Por: Tainá Rodrigues – 06/10/2025
Povosque viviam na América do Sul antes da chegada de Cristóvão Colombo
tinham a prática funerária de fundir máscaras aos rostos dos mortos. Após
séculos, pesquisadores conseguiram descobrir, com a ajuda da tecnologia, como
eram os rostos de quatro indígenas com “máscarasmortuárias” que viveram no atual território da Colômbia entre os séculos 13
e 18.
No grupo, estão uma criança que aparenta ter 6 ou 7 anos,
uma mulher idosa com cerca de 60 anos e dois jovens. O quarteto foi enterrado
com máscaras que contornavam os olhos e eram feitas de cera, resina, argila e
milho. “As máscaras são de um acabamento extraordinário e, até o momento, são
as únicas que se sabe existirem na Colômbia”, afirma Felipe
Cárdenas-Arroyo, em comunicado.
Como os túmulosdesses cadávers foram saqueados, os arqueólogos possuem poucas informações
sobre eles. De acordo com pesquisadores do Instituto Colombiano de Antropologia
e História responsáveis por obter os corpos mumificados dos indígenas, seu
disfarce estava fundido ao rosto. Essa cobertura revestia todo o rosto e a
mandíbula de cada corpo mumificado.
Para ver a face das pessoas enterrados, os crânios com
máscaras foram capturados por uma tomografia computadorizada (TC), feita pela
equipe de pesquisa do Laboratório Facial da Universidade John Moores de
Liverpool, na Inglaterra. Através desse aparato tecnológico, foi possível obter
imagens detalhadas de raios-X em 2D, em diferentes perspectivas, que juntas
criaram um modelo 3D da reconstrução facial. Veja abaixo:
Dessa forma, as máscaras foram removidas digitalmente e
os pesquisadores conseguiram ver o crânio dos antigos humanos.
Depois, a tarefa envolveu a recriação dos rostos. Para
isso, foi usado um software capaz de adicionar músculo e gordura no
rosto através de uma caneta com sensor tátil. No caso dos dois homens jovens, a
equipe usou a estrutura facial dos homens colombianos modernos como base para o
preenchimento de tecido mole.
Entretanto, os pesquisadores se basearam em suposições
para a reconstrução do rosto da idosa e da criança, pois não tinham informações
sobre quantidade de músculo e gordura deste grupo. A equipe se baseou nas cores
dos olhos e nos tons
de pele dos colombianos para dar os retoques finais. Além disso, acrescentaram
texturas da pele como sardas, rugas, cílios e poros.
“A textura é sempre o maior desafio, simplesmente porque
não sabemos como eles se apresentariam, se têm cicatrizes ou tatuagens no
rosto, ou se esse é realmente o tom de pele”, disse Jessica Liu, gerente de
projetos do Face Lab, em entrevista à Live Science.
“O que apresentamos em termos de textura é uma
representação média, com base no que sabemos sobre esses indivíduos.” Os
pesquisadores ressaltam, no entanto, que as imagens são interpretações
científicas, e não significam que os indivíduos realmente possuem a aparência
representada.
Os rostos foram publicamente expostos pela primeira vez
em agosto, durante o Congresso Mundial de Estudos de Múmias, no Peru. “Estamos
entusiasmados e privilegiados por estarmos envolvidos neste projeto, que
destaca as práticas culturais fascinantes dos povos
indígenas da América do Sul. Esperamos que revelar os rostos pela primeira
vez aumente o interesse por essas civilizações incríveis”, afirma Liu.


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