Guarujá (SP) guarda sítio arqueológico de ao menos 8 mil anos

Foto: Detalhe de conchas do sambaqui Crumaú, considerado um dos maiores do mundo. Manoel Gonzalez

Por Defender

Escondido em uma região de mangue, às margens do canal de Bertioga, no Guarujá, um sambaqui de 31 metros de altura e cerca de 100 metros de extensão tem tudo para se tornar o maior do mundo.

Desconhecido até mesmo da comunidade científica, o sítio milenar, chamado Crumaú, deve desbancar o Garopaba do Sul, em Santa Catarina, caso o Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) confirme o parecer de seus técnicos que já visitaram o local e certificaram seu tamanho.

Embora o termo dê nome a inúmeras pousadas e restaurantes pelo litoral, são poucos os que sabem o que, afinal, é um sambaqui. Trata-se de um sítio arqueológico deixado pela população que habitava a costa brasileira muito antes dos tupis-guaranis -ao menos 8.000 anos atrás.

A palavra deriva do termo “tambaqui”, do tupi-guarani, que quer dizer “monte de conchas”. “É basicamente o que são os sambaquis: uma montanha de conchas”, explica o arqueólogo Manoel Gonzalez, cujo grupo de pesquisas é responsável pela descoberta do Crumaú.

Segundo ele, o achado deve ser divulgado em congressos a partir do ano que vem. O Crumaú não é o único trunfo da equipe. Só no Guarujá, ao menos oito sítios foram encontrados nos últimos 12 anos. “Pegamos um barco e saímos perguntando aos pescadores: ‘Você sabe onde tem um concheiro?'”, conta.

Sambaquieiros
No Brasil, existem entre 300 e 350 sambaquis registrados. No entanto, há pouca informação sobre os povos que ocupavam esses locais -os chamados “homens do sambaqui”, ou “sambaquieiros”.

“Quando os colonizadores chegaram, eles já haviam desaparecido sem deixar nada escrito”, diz Gonzales.

Quanto à função dos sambaquis, pesquisadores trabalham principalmente com duas teses: serviam como moradia ou como “cemitérios”.

“Encontrou-se esqueletos em muitas das escavações”, diz o professor Paulo DeBlasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. “Também havia diversos objetos de rituais funerários: machados de pedra polida e dentes de animais”, completa Gonzalez.

O que se sabe é que os “sambaquieiros” eram pescadores e coletores. “Uma população muito adaptada à vida no litoral”, afirma DeBlasis. Alguns dos sambaquis, inclusive, estão parcialmente submersos, já que o nível do mar variou desde então.

Não se sabe como essa população desapareceu: pesquisadores imaginam que tenha sido incorporada aos povos tupiniquins e tupinambás ou que tenha sido dizimada por eles. Esse processo ocorreu pouco antes de os europeus chegarem ao continente.

E se hoje os rastros deixados pelos “sambaquieiros” são poucos, os portugueses têm sua parcela de culpa: na época, pedaços dos sítios arqueológicos foram usados para fazer construções -as conchas eram moídas e misturadas com areia e óleo de baleia para formar uma argamassa.

“Nas edificações históricas do litoral sul, se você olhar no meio das rochas, verá conchinhas moídas”, conta Gonzalez. Ele estima que ao menos 80% dos sambaquis originais tenham sido destruídos.

Por Taís Hirata

Fonte original da notícia: Folha de S. Paulo

Fonte: http://defender.org.br/noticias/nacional/guaruja-sp-guarda-sitio-arqueologico-de-ao-menos-8-mil-anos/ (30/11/2015)

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