Olmecas de San Lorenzo comercializavam há 3.800 anos com povos do México e Guatemala
Uma
máscara olmeca de jadeíta do 10º-6º séc. a.C., no Museu de Arte Metropolitano,
Nova York
Por Anastasia Gubin
Um estudo sobre a datação de
centenas de obsidianas encontradas no sítio arqueológico de San Lorenzo, na
costa sul do Golfo do México, revelou que a civilização olmeca manteve uma
grande rede comercial com outras regiões do México e da Guatemala entre
1800-800 a.C.
Os resultados da pesquisa
liderada pelo arqueólogo Hirth Kenneth da Universidade Penn State dos Estados
Unidos foram publicadas na revista Science.
O relatório confirmou que os
olmecas viveram na área antes do desenvolvimento das primeiras cidades maias do
período pré-clássico da Guatemala, cuja construção começou por volta de 1000
a.C., segundo outros estudos do arqueólogo Richard Hansen.
Hirth Kenneth explicou que os
olmecas, conhecidos por suas esculturas de cabeças monumentais, são a primeira
grande civilização mesoamericana que ocupou a região de San Lorenzo e emergiu
como uma grande potência política entre 1400-1000 a.C.
O pesquisador diz que foram
feitas análises químicas de alta precisão da obsidiana, uma pedra negra
vulcânica encontrada nas oficinas olmecas, e que a obsidiana foi importada para
a fabricação de ferramentas de corte para escultura e arquitetura.
Estes artefatos de obsidiana, um
total coletado de 852 peças, provêm do México e da Guatemala, fonte da
matéria-prima.
Os resultados proporcionam “uma
visão geral do desenvolvimento das redes de comércio inter-regional do primeiro
grande centro olmeca na Mesoamérica”, entre 1800-800 a.C.
Para os arqueólogos ainda é um
mistério de onde veio o conhecimento artesanal e como se distribuíam os
produtos acabados, segundo o Departamento de Arqueologia da Universidade Penn
State. As investigações começaram em 2012 e continuarão até 2014.
Além de Kenneth, participaram do
estudo a pesquisadora Ann Cyphers do Instituto da Universidade Nacional
Autônoma (INAH), Robert Cobean do Instituto Nacional de Antropologia e História
do México, Jason De Leon da Universidade de Michigan e Michael Glascock da
Universidade de Missouri.
Estatuetas olmecas (Museu Nacional de
Antropologia, México/Wikimedia)
Cultura
Olmeca
A cultura olmeca se tornou
conhecida no século XIX, quando se descobriu sob a terra inúmeras cabeças
esculpidas de pedra de até dois ou três metros de altura. Todas com características
e expressões distintas e cobertas com um tipo de chapéu.
De acordo com uma reportagem em vídeo, uma das cabeças olmecas foi encontrada coberta
com uma espessa camada de barro posta intencionalmente, o que se acredita fazer
parte de algum tipo de ritual.
A versão mais divulgada explica
que os ancestrais dos maias migraram para o Golfo do México e desenvolveram a
cultura olmeca, no entanto, informes do governo mexicano acrescentam que novos
estudos destacam que foram os descendentes dos olmecas que migraram para a área
de Petén na Guatemala para misturar-se com os locais e dar origem à grande
civilização maia do período pré-clássico.
Estudos atuais da civilização
maia pré-clássica na Bacia do Mirador em Petén, dirigidos pelo arqueólogo
Richard Hansen, revelam que os primeiros ocupantes começaram a construir suas
grandes cidades e pirâmides em 1000 a.C., após o grande desenvolvimento e
declínio dos olmecas.
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