Maias e Olmecas podem ter sido civilizações irmãs
Autor: Anastasia Gubin
O
conhecimento usado para construir as cidades da Bacia do Mirador na Guatemala
“é totalmente autóctone, é original maia” e tem um antiguidade de 3 mil anos
O
arqueólogo Richard Hansen da Universidade do Estado de Idaho, EUA, nos trabalhos
de preservação da Estrutura 34 da cultural maia de Mirador, Guatemala (Global
Heritage Fund)
Muito tem
sido discutido nesses dias sobre a origem da civilização maia e sua relação com
a cultura olmeca. Neste aspecto, o arqueólogo Richard Hansen, diretor do Projeto Mirador,
desenvolvido na região norte da Guatemala onde se concentra o maior número de
cidades do período pré-clássico, crê que estas duas culturas tenham sido irmãs
e que viveram em parte na mesma época, segundo deduzido de datações dos últimos
descobrimentos na Bacia do Mirador.
O Dr.
Hansen, professor-associado do Instituto Mesoamericano de Investigação do
Departamento de Antropologia da Universidade do Estado de Idaho, nos Estados
Unidos, e presidente da FARES (Fundação para a Pesquisa Antropológica e Estudos
Ambientais), conhece a região maia desce 1968.
Por décadas ele tem trabalhado na
região, onde já mapeou 51 cidades maias do imponente período pré-clássico,
considerado o berço da civilização maia.
O conhecimento usado para
construir estas cidades “é totalmente autóctone, é original maia”, disse
Richard Hansen em declaração ao Epoch Times.
“Mas pelo que fizeram,
aparentemente, eles tinham conhecimento dos olmecas, porque conceberam (as
construções) ao mesmo tempo. Os olmecas foram a cultura-mãe, mas também
representam uma cultura irmã”, disse o arqueólogo.
De acordo com as versões
acadêmicas da Guatemala, acredita-se que os primeiros povoadores do período
pré-clássico maia, desde o leste de Oaxaca até El Salvador, são provenientes
dos ancestrais mixes, zoques e popolucas.
Uma teoria diz que eles migraram
no ano de 1200 a.C. para o Golfo do México para desenvolver a cultura olmeca.
Neste sentido, algumas das datações mais recentes revelam que os olmecas de San
Lorenzo no México se desenvolveram nesse lugar há milhares de anos a.C.
Teorias complementares dizem que
os descendentes dos olmecas migraram para o Petén na Guatemala e se misturaram
com os residentes locais, criando as monumentais cidades da Bacia, como Nakbé
de 1000 a.C., cidade escavada pelo Projeto Mirador, destaca um informe da
Universidade de San Carlos da Guatemala.
Arqueólogos da Universidade do
Arizona estão considerando a opção de que os maias desenvolveram seus primeiros
sítios nas selvas da Guatemala e no sul do México e a opção de que a
civilização maia foi a fusão de ambas as civilizações da cidade de La Venta.
Mas, para os arqueólogos, nenhuma das duas teorias é completa, assinala um
comunicado.
“Temos essa ideia da origem da
civilização maia e do desenvolvimento indígena e temos outra ideia de que foi
uma influência externa que provocou a complexidade social da civilização maia.
Pensamos que na realidade não é preto ou branco”, disse Victor Castillo, um
estudante de pós-graduação em antropologia pela Universidade do Arizona e
coautor de um estudo publicado recentemente sobre Ceibal, outra cidade maia
fora da Bacia do Mirador.
O estudo da Universidade do
Arizona, assim como o do Dr. Richard Hansen, confirma haver semelhanças entre
os sítios maias e olmecas, mas a cultura maia mesoamericana tem características
únicas.
As cidades maias da Bacia do
Mirador cresceram e se desenvolveram com estradas para manter um corredor
comercial que se estendia desde Belize, passava pela Bacia na Guatemala e
chegava a Chiapas no México. Segundo o arqueólogo Richard Hansen, possivelmente
as 51 cidades maias investigadas da Bacia do Mirador teriam estradas
interligadas, com 40 a 50 metros de largura e seis de altura.
No período clássico maia, quase
todos os sítios do norte de Petén mostram evidências de conflitos
sócio-políticos no século VIII, incluindo Belize e Yucatán, após o abandono das
cidades no século IX atingidas pela grande seca que arruinou o império.
No entanto, ao final do período
pré-clássico tardio em 150 d.C, as cidades maias do Mirador também sofreram
abandono. Postulou-se que a causa foram guerras endêmicas, no entanto,
populações agrícolas continuaram subsistindo nas áreas rurais por um tempo até
desaparecerem, incapazes de manter qualquer construção permanente.
Estudos do Projeto Mirador
revelam que uma grande seca atingiu a região provocando o colapso dos recursos,
que se conhece como o colapso pré-clássico de 150 d.C.
Os antropólogos acreditam que na
Bacia de Mirador predominava o grande Reino Kan, monarca que também foi
identificado num glifo com a cabeça de uma serpente, que centenas de anos mais
tarde, no período clássico, também foi identificado como o emblema das terras
baixas da Bacia. Sua dinastia iria do período pré-clássico até o declínio da
civilização maia.
O Reino Kan dominou a área de
Petén durante o período pré-clássico tardio, mas entre os anos 350 a.C. e 150
d.C., a cidade de El Mirador foi abandonada por falta de água e recursos. A
devastação causada pelos maias em suas florestas nativas teria provocado a
destruição do ecossistema e a consequente seca.
Os maias costumavam queimar
madeira verde junto com pedras de calcário para produzirem uma areia e
renovarem seus estuques coloridos que decoravam todos seus edifícios
imponentes. Além disso, sua produção agrícola era importante. Isso teria levado
ao esgotamento das florestas e a consequente morte das espécies de plantas,
insetos e animais que geravam vida na região.
Para o Dr. Hansen, não foi o uso
da madeira, mas “o abuso” que causou o colapso dos maias.
Por causa do colapso maia, o povo
da Bacia mudou-se para a costa do Caribe, segundo o arqueólogo, e mais tarde,
no período clássico inicial dos maias, Tikal (fora da Bacia do Mirador)
tornou-se a principal cidade.
Neste período, o centro de poder
do Reino Kan transladou-se para Dzibanche, em Quintana Roo, México, para
mover-se mais tarde para Calakmul, em Campeche, México.
Tikal e Calakmul expandiram seus domínios e então
iniciou-se uma luta de poder entre os dois no século VI. Calakmul acabou sendo
derrotada duas vezes por uma Tikal fortificada nos anos 695 e 743 d.C. A
cultura maia sobreviveu até o final do século IX d.C.
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