Crânios revelam caso de violência pública no Império Inca

Os crânios com marcas de violência foram encontrados em 2003 (Foto: Museu Nacional de História Natural do Chile)

Os restos mortais foram encontrados em 2003, mas só agora arqueólogos encontraram uma explicação para o que teria acontecido.

Redação Galileu

Nas ruínas de Iglesia Colorada, uma antiga aldeia inca no Chile, pesquisadores encontraram algo esquisito: quatro crânios, que estavam nos restos do que foi um depósito de lixo, entre restos de comida e fragmentos de cerâmica. Nenhum corpo ou joia estava por perto.

Isso foi em 2003, mas só agora dois pesquisadores do Museu Nacional de História Natural do Chile apresentaram uma explicação para o mistério. A conclusão foi publicada na revista Latin American Antiquity. Os crânios representam um reinado de terror dos incas, em que quatro moradores foram mortos publicamente para colocar medo na população.

O período entre o final dos anos 1400 e o início dos anos 1500 foi tumultuado para grande parte da América do Sul. Durante esses anos, o império inca estava lentamente expandindo seu alcance pelos Andes. Embora as civilizações existissem há muito tempo nos vales andinos, elas estavam praticamente isoladas.

Segundo Francisco Garrido, um dos autores do estudo, alguns desses territórios se juntaram ao império sem muita resistência, mas outros não eram tão receptivos. Provavelmente, foi o que aconteceu na cidade de Iglesia Colorada.

Catalina Morales, coautora da pesquisa, diz que eles sabiam que o monte de lixo não era uma sepultura típica desde o início. Isso porque a mesma aldeia tinha um local de enterro conhecido, com uma rede bem organizada de túmulos circulares protegidos por troncos, em que os restos de corpos inteiros eram cercados por cerâmica e joias.

Outra evidência é que todos os crânios possuem machucados semelhantes: buracos e marcas estranhas ao redor das mandíbulas, como se as cabeças tivessem sido raspadas. Os buracos sugerem que os crânios foram amarrados em uma corda, de modo que todos na aldeia pudessem ver o aviso. As marcas de raspagem indicam que as mandíbulas foram esfoladas antes que as cabeças fossem expostas — provavelmente para causar mais choque, explica Garrido.

Três dos crânios pertenciam a mulheres jovens e um pertencia a uma criança. Com base na densidade dos ossos, todas as vítimas estavam desnutridas. "Não parece que os incas tinham como alvo os líderes [da aldeia]", diz Garrido. Homens jovens e saudáveis eram aproveitados pelo Império como trabalhadores e guerreiros.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2019/08/cranios-revelam-caso-de-violencia-publica-no-imperio-inca.html (28/08/2019)

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