Bonecos raros de 2.400 anos são encontrados no topo de pirâmide na Guatemala

Usados em rituais públicos, as estatuetas de cerâmica possuem 'expressão facial dramática, que muda dependendo do ângulo de onde olhamos'; entenda!

Por: Fabio Previdelli – 05/03/2025
fprevidelli_colab@caras.com.br

Em El Salvador, arqueólogos encontraram bonecos raros de 2.400 anos que podem ter sido usados em rituais públicos "míticos ou reais". A descoberta sugere que o povo que habitou a região estava bem mais integrado à cultura centro-americana mais ampla do que se pensava anteriormente.

Por lá os pesquisadores acharam cinco estatuetas de cerâmica — representando quatro mulheres e um homem — no topo de uma grande estrutura piramidal. Embora os bonecos tenham sido encontrados em 2022, a descoberta só foi detalhada em estudo publicado hoje, 5, no periódico Antiquity.

Em um primeiro momento, os arqueólogos pensaram que os bonecos faziam parte de uma luxuosa oferenda funerária, mas como não encontraram restos mortais na pirâmide mais alta do sítio arqueológico, logo sugeriram que eles eram usados para rituais públicos. 

Uma das características mais marcantes dos bonecos é sua expressão facial dramática, que muda dependendo do ângulo de onde olhamos para eles", aponta o autor principal do estudo Jan Szymański, arqueólogo da Universidade de Varsóvia, em uma declaração, repercute o LiveScience. 

Olhando na altura dos olhos, os bonecos tem a expressão de uma pessoa brava; mas vistos de cima, parecem estar sorrindo; por fim, de baixo para cima, parecem estar assustados.

"Este é um design consciente, talvez destinado a aumentar a gama de performances rituais em que os bonecos poderiam ter sido usados", disse Szymański.

Os bonecos

Três dos cinco bonecos possuem cerca de 30 centímetros de altura; enquanto os mais baixos têm entre 18 e 10 centímetros. As figuras maiores estão nuas e não possuem joias ou cabelo; mas as duas menores são modeladas com "mechas de cabelo na testa e orelhas nos lóbulos", escreveram os pesquisadores.

Os bonecos maiores possuem as cabeças móveis e estão com a boca aberta, como se fossem brinquedos modernos. Eles podem tem sido usados em uma cena teatral ou cenário para transmitir mensagens ou histórias de "eventos facilmente decifráveis, míticos ou reais", que agora estão perdidos, escreveram os arqueólogos. Não estava claro se essas figuras representam indivíduos reais.

Além das figuras, os pesquisadores também encontraram fragmentos de estatuetas em outras partes do sítio. A parte superior do menor boneco se encaixa com um torso oco — o que fez os especialistas especularem ser elementos de uma cena de reconstituição de nascimento.

Apesar de inusitada, essa não foi a primeira descoberta desta natureza. Em 2012, arqueólogos acharam seis bonecas femininas quebradas, mas completas, em um cemitério nas terras altas ocidentais da Guatemala. As peças datam do final do período Pré-clássico Médio (350 a 100 a.C.).

Já as descobertas de El Salvador, datadas de cerca de 400 anos a.C., sugerem que os bonecos podem ter sido usados em rituais durante os períodos Pré-clássico (2000 a.C. a 200 d.C.) e Clássico (200 a 900 d.C.) na América Central.

Por possuírem um estilo e materiais semelhantes aos achados na Guatemala, os arqueólogos sugerem uma tradição compartilhada e conexões entre as elites da época.

Fonte: Bonecos raros de 2.400 anos são encontrados no topo de pirâmide na Guatemala

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