Humanos usavam caverna no México como "hotel" há 30 mil anos

 

A equipe entrando na Caverna Chiquihuite (Foto: Devlin A. Gandy)

Arqueólogos acreditam que povos se alocavam temporariamente na Caverna Chiquihuite, local que indica ocupação humana nas Américas 15 mil anos mais cedo que o estimado

REDAÇÃO GALILEU - 22 JUL 2020


Evidências arqueológicas encontradas na Caverna Chiquihuite, localizada em uma região remota no centro-norte do México, indicam que ela foi visitada por humanos há cerca de 30 mil anos — 15 mil anos antes do acreditava-se ter ocorrido nossa chegada às Américas. A pesquisa contou a colaboração entre estudiosos e a população local e foi publicada nesta quarta-feira (22) na Nature.

Como explicam os pesquisadores, cerca de 2 mil ferramentas de pedra foram encontradas na região, mas nenhum material genético humano foi identificado, indicando que nossos antepassados não passavam muito tempo por lá. "Como os primeiros visitantes não ocupavam a caverna continuamente, achamos que as pessoas passavam parte do ano lá usando-a como abrigo de inverno ou verão ou como base para caçar durante a migração", disse Eske Willerslev, geneticista da Universidade de Cambridge e um dos líderes do estudo, em declaração. "Este poderia ser o hotel mais antigo de todas as Américas."

Os cientistas identificaram o DNA de uma ampla gama de animais, incluindo ursos-negros, roedores, morcegos e ratazanas. A presença deste material genético sugere que a caverna era um ponto conhecido pelos antigos americanos e também era utilizado por algumas outras espécies para proteção.

"Provavelmente quando manadas de grandes mamíferos estivessem na área e tivessem pouca experiência com seres humanos, seriam presas fáceis", observou Mikkel Winther Pedersen, geneticista da Universidade de Copenhagen e um dos principais autores do estudo. "A localização da Caverna Chiquihuite definitivamente reescreve o que foi ensinado convencionalmente em história e arqueologia e mostra que precisamos repensar onde procuramos os locais das pessoas mais antigas das Américas."

A análise levou mais de uma década para ser concluída e contou com a ajuda da polícia local, pois esta região do México é controlada por cartéis. Ainda assim, a pesquisa trouxe mais perguntas do que respostas para os historiadores: não se sabe quem foram, de onde vinham e pra onde iam os humanos que passavam por aquela região.

Ferramenta encontrada pelos cientistas (Foto: Ciprian Ardelean)

"Eles são um enigma completo", comentou o coautor Ciprian Ardelean, da Universidade Autônoma de Zacatecas, no México. "Nós assumimos falsamente que as populações indígenas das Américas hoje são descendentes diretas dos primeiros americanos, mas agora não pensamos que seja esse o caso."

A pesquisa também indica que esta parcela da população chegou na América antes do povo Clóvis, que viveu no continente há cerca de 13 mil anos. Na verdade, como explica o artigo, os primeiros humanos já tinha desaparecido há muito tempo quando este outro povo chegou por aqui.

Esta não é a primeira vez que a teoria da ocupação Clóvis é colocada em xeque. Como noticiamos no último domingo (19)fezes humanas encontradas nas cavernas de Paisley, no noroeste dos Estados Unidos, revelaram que o Homo sapiens já ocupava a América do Norte há 12 mil anos.

"O povoamento das Américas é o último santo graal da arqueologia moderna", considera Ardelean. "Estamos lidando com um grupo de seres humanos de milhares de anos atrás, então não podemos esperar que os sinais sejam muito claros. Nós literalmente cavamos mais fundo do que qualquer um já havia conseguido antes."

Há 30 mil anos, humanos utilizaram caverna no México como hotel. Pesquisadores analisam camadas de sedimentos na Caverna Chiquihuite (Foto: Devlin A. Gandy)

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2020/07/humanos-usavam-caverna-no-mexico-como-hotel-ha-30-mil-anos.html

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