Como o Brasil vem desenvolvendo o turismo rupestre

Novas descobertas de sítios arqueológicos, elevação de mais de 600% no número de visitantes e inovações como mapas interativos prometem revolucionar setor

Por: ALAN RODRIGUES - EDITORA 3 – 15.09.2023

O Brasil tem hoje catalogados 27.582 sítios arqueológicos. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), essas áreas são onde se encontram vestígios de ocupação humana, como cemitérios, sepulturas ou locais de estadia prolongada, e mais aldeamentos, estações, grutas e abrigos sob rocha, além das inscrições rupestres. Ao cabo, “o Brasil é praticamente um sítio arqueológico, em qualquer Estado onde se vai tem um uma nova descoberta”, diz a arqueóloga brasileira Marian Helen Rodrigues.

Chefe do Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), maior acervo de sítios arqueológicos e pinturas rupestres do continente americano, Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da UNESCO, Marian tem em mãos os dados do crescimento do chamado “turismo de conhecimento” na região piauiense. “A procura aqui no parque cresceu 660% nos últimos 20 anos, passando de 3.908 visitantes em 2003 para 29.733 em 2023.”

Toda essa riqueza cultural revela informações e detalhes essenciais para compreender a evolução da humanidade e a história como um todo.

A grande e boa notícia do setor é que cientistas de diversas universidades brasileiras têm compartilhado os bancos da academia com a chamada arqueologia colaborativa, criando projetos que facilitam a vida de turistas e interessados pelo acervo.

Ao certo, os interessados não precisam mais incorporar o estilo Indiana Jones para desbravar os sítios arqueológicos e conhecer de perto os atrativos turísticos e culturais nem tampouco ser um espeleologista — profissional que estuda cavernas e grutas — ou arqueólogo para desvendar os segredos e belezas escondidos sob a terra.

O mais recente projeto consiste em um mapa interativo que reúne os sítios arqueológicos com registros rupestres a partir de um banco de dados georreferenciado do Estado de São Paulo, facilitando a localização e o planejamento de visitas.

O mapa foi elaborado por Marília Perazzo, para o trabalho de pós-doutorado. O estudo teve como objetivo analisar, identificar e caracterizar os sítios. Para se ter uma ideia do sucesso dos trabalhos da equipe paulista, nos últimos quatro anos foram identificados 54 áreas arqueológicas no Estado com vestígios rupestres, diante de 16 encontrados até 2019. “Podemos dizer que, se São Paulo ainda não estava no mapa rupestre do Brasil, agora está”, afirma Marília.

Não existem pesquisas específicas sobre esse turismo no Brasil, tampouco sobre a extensão do patrimônio arqueológico nacional. Empiricamente se sabe que grande parte do público que visita os sítios arqueológicos é brasileiro.

“Faltam dados mais específicos sobre o turismo de conhecimento, assim como políticas de informação, proteção e conservação dos sítios”, afirma Luana Campos, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

A pesquisadora alerta que o desenvolvimento da visita sustentável é outro benefício importante do turismo rupestre já que esses sítios arqueológicos são frágeis e precisam ser preservados. “Falta para nós brasileiros políticas públicas de preservação e de informações sobre os sítios.”

Luana participa de um projeto da Unicamp, junto a outras duas universidades, além de pesquisadores da iniciativa privada, que cria um aplicativo nacional com a localização dos sítios arqueológicos, incluindo os grafismos rupestres.

Em fase de protótipo, o app dará as condições necessárias para os viajantes se locomoverem entre os locais de visitação nas cidades e estados. Uma espécie de “waze” dos sítios arqueológicos.

A transformação digital das informações sobre os destinos também é uma tendência. Outro projeto que ajudará muito a vida dos interessados é a digitalização das informações sobre as áreas arqueológicas. “A ideia é ter um QR Code em cada local rupestre com todas as informações disponíveis sobre o achado”, diz o arqueólogo gaúcho Jedson Picci Cerezer, da empresa privada Espaço Arqueologia. O turismo rupestre é uma forma de aprender sobre o passado e compreender o presente.

Fonte: Como o Brasil vem desenvolvendo o turismo rupestre - ISTOÉ Independente (istoe.com.br)

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