Desvendando o enigma da arte rupestre em Santa Catarina

Pesquisa revela que símbolo "ampulheta" em rochas costeiras tem origem astronômica e indígena

16.09.2023

Uma figura em forma de "ampulheta" esculpida em várias rochas ao longo do litoral de Santa Catarina, há muito considerada um símbolo rupestre enigmático, teve finalmente seu significado decifrado por um especialista em Arqueologia e Patrimônio Cultural de uma universidade catarinense.

O Dr. Yu Tao, autor de um estudo conclusivo de pós-graduação intitulado "Estudo Astronômico e Gestáltico para a Interpretação da Expressão Gráfica denominada como 'Ampulheta' na Arte Rupestre em Santa Catarina, Brasil", publicado neste ano, desvendou a origem desse intrigante desenho.

De acordo com as descobertas do Dr. Yu Tao, os indígenas pré-coloniais de Santa Catarina, incluindo grupos com uma antiguidade de mais de 6 mil anos, como os caçadores-coletores que construíram alguns dos maiores sambaquis oceânicos do mundo, faziam uso do relógio do sol, conhecido como gnômon, em sua vida cotidiana. Isso se assemelha às práticas do Egito, Grécia e China. A pesquisa revelou que o mistério por trás do desenho da pedra está ligado à importância do astro solar na vida dessas populações nativas brasileiras.

Segundo o estudioso, "ao final do estudo, pudemos concluir que a figura do arco solar, representando as linhas de sombra projetadas no solo com o uso do relógio solar ao longo do dia, é muito semelhante à figura de uma ampulheta".

A investigação do Dr. Yu Tao abrangeu a possível origem gnomônica de 20 dessas "ampulhetas" presentes em sítios arqueológicos litorâneos que se estendem por uma faixa de 120 km de costa, desde Porto Belo até Florianópolis e Garopaba.

O acervo rupestre de Santa Catarina é notável, tanto pela sua quantidade quanto pela sua qualidade artesanal. Não se trata de pinturas, mas sim de entalhes e gravuras em baixo relevo, realizados sem o uso de ferramentas metálicas. Além disso, o especialista coletou e analisou evidências da presença da tecnologia do gnômon em culturas indígenas.

Embora não seja possível datar com precisão obras rupestres com os métodos atuais, o Dr. Yu Tao mencionou que "o povo Tupi-Guarani considerava o Sol como o principal regulador da vida na Terra, com grande significado religioso. O gnômon é chamado de Kuaray Ra’anga em guarani e Cuaracy Ra’angaba em tupi antigo". Essa informação levanta a suposição de que a gravura pode ter sido uma homenagem da Tradição Tupi-Guarani à força solar, material e espiritual.

A pesquisa utilizou as leis do Gestaltismo, uma teoria perceptiva desenvolvida por terapeutas alemães e austríacos nos anos 1920, para interpretar as imagens estudadas. Essas leis auxiliaram o Dr. Yu Tao a compreender como os povos indígenas ancestrais expressavam seu mundo interior por meio da arte rupestre.

O Dr. Yu Tao compartilhará sua descoberta em um evento organizado pela AMVALI (Associação dos Municípios do Vale do Itapocu) em Corupá, Santa Catarina, nos dias 15 e 16 de setembro. Esse evento comemorará os 500 anos da passagem de Aleixo Garcia e dos guaranis por aquela região catarinense, marcando a descoberta do império inca antes da chegada dos espanhóis, contrariando a história oficial da América do Sul.

Fonte: Desvendando o enigma da arte rupestre em Santa Catarina - Jornal da Fronteira

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