Arqueólogos descobrem o cemitério indígena mais antigo do Brasil
17.01.2024
Sob o solo da capital maranhense, São Luís, arqueólogos desvendaram o que pode ser o mais antigo cemitério indígena das regiões Norte e Nordeste do Brasil. A cada camada de terra removida, vestígios da história emergem, proporcionando uma visão única da longa trajetória dos povos indígenas no Maranhão.
O historiador Gustavo Teixeira, emocionado com as descobertas, compartilha:
"Estamos diante de uma nova página da história de longa duração dos povos indígenas no Maranhão. A partir desse sítio, a gente consegue junto à literatura trazer novas referências."
Durante o licenciamento ambiental para a construção de condomínios do programa federal Minha Casa, Minha Vida, mais de 100 mil artefatos, incluindo conchas, cerâmicas e pedras decoradas, foram desenterrados, juntamente com 43 esqueletos humanos. A história, até então enterrada, começou a se revelar em 2020, com fragmentos de cerâmica e três esqueletos, e desde então, a equipe encontrou outros 40 esqueletos.
A magnitude
do sítio
Jordana Lima, gestora de planejamento operacional, compartilha o espanto da equipe: "Fomos encontrando, o sítio foi crescendo, e a gente foi se surpreendendo com o tamanho do sítio." O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional acompanha de perto o levantamento e resgate desse patrimônio arqueológico.
Pesquisadores acreditam que este pode não apenas ser o maior, mas também o mais antigo cemitério indígena do Norte e Nordeste. Estudos preliminares sugerem que parte desse material remonta a mais de 6 mil anos antes de Cristo, revelando vestígios de quatro povos indígenas distintos: tupinambás, ceramistas amazônicos, sambaquieiros e pré-sambaquieiros.
Desafio da
análise e promessa de novas revelações
O arqueólogo coordenador, Wellington Lage, prefere manter a cautela enquanto o material está em análise. Um relatório parcial da W Lage Arqueologia sugere que "novos achados estão sendo evidenciados a cada dia". Resultados das análises, incluindo a datação dos esqueletos, devem levar meses, dada a extensão do material e a realização de alguns exames no exterior.
A MRV, responsável pelo empreendimento, destaca a oportunidade de contribuir para o estudo da riqueza arqueológica. A empresa afirma ter atendido todas as exigências legais desde o início, fornecendo materiais e colaboradores para o trabalho arqueológico. Um centro na Universidade Federal do Maranhão está em construção conforme a determinação do Iphan.
Legislação e
descobertas
A legislação brasileira permite empreendimentos em locais de interesse arqueológico, desde que seguido o licenciamento ambiental, incluindo a participação do Iphan em casos de interesse arqueológico. Sobre os sambaquis, a lei destaca "precedência para o estudo", proibindo aproveitamento econômico ou destruição das estruturas antes de uma pesquisa adequada.
Fragmentos
que contam histórias
Foto destaque: descoberta conduzida pela equipe do arqueólogo Wellington Lage proporciona perspectivas para a arqueologia brasileira (Reprodução/G1)
Os primeiros esqueletos, descobertos em 2020, estavam calcados em fragmentos cerâmicos e camadas de concha do sambaqui. Datações preliminares indicam uma faixa de antiguidade entre nove mil e um mil anos atrás, alinhando-se às pesquisas do arqueólogo Arkley Bandeira, da UFMA, que apontam a ocupação de São Luís há mais de sete mil anos.
Fonte: Arqueólogos descobrem o cemitério indígena mais antigo
do Brasil
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