O mistério dos geoglifos do Acre com mais de mil anos

Por: Maria Fernanda Garcia

Foram identificados mais de 300 sítios arqueológicos com geoglifos (isto é, figuras no chão) no Acre que datam dos anos 200 a.C., mudando a visão que se tinha sobre a história dos povos indígenas brasileiro

As famosas linhas de Nazca, no Peru, são um grupo de grandes geoglifos (isto é, figuras feitas no chão) presentes no deserto de Sechura, no sul do país, e conhecidos no mundo inteiro.

Eles foram criados pela cultura Nasca entre os anos 500 a.C. e 500 d.C. Os primeiros a relatá-los, no século 20, foram pilotos civis e militares peruanos. A curiosidade sobre esses geoglifos, que formam várias figuras, é que seus desenhos só podem ser vistos de cima. No entanto, nas datas que em foram feitos, não existia nenhum tipo de aeronave.

A maioria dos arqueólogos defendem a tese de que os geoglifos foram feitos pelo povo Nasca, para os deuses vindos do céu, como a lenda diz, passada de geração em geração.

O que muitos não sabem é que o Brasil também tem seus geoglifos. Eles foram encontrados na região sudoeste da Amazônia Ocidental, mais predominantemente na porção leste do estado do Acre, estando localizados em áreas de interflúvios, nascentes de igarapés e várzeas, associados em sua maioria aos rios Acre e Iquiri. No Acre, foram identificados mais de 300 sítios arqueológicos do tipo geoglifo, que são compostos por 410 estruturas de terra, números que vem aumentando, devido ao desenvolvimento de pesquisas arqueológicas no estado.

Os primeiros registros desses sítios remontam à década de 1970, quando o pesquisador Ondemar Dias, no âmbito do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas da Bacia Amazônica (Pronapaba), localizou oito estruturas de terra no Acre. Contudo, foi somente a partir dos anos 2000 que esses sítios tiveram projeção midiática e foram alvo de intervenções científicas sistemáticas.

As pesquisas arqueológicas nessas áreas revelam informações importantes sobre o manejo da paisagem amazônica por grupos indígenas que habitaram a região entre, aproximadamente, 200 a.C. a 1.300 d.C., e sugerem um novo paradigma sobre o modelo de ocupação da Amazônia por densas sociedades pré-coloniais.

O estudo dessas estruturas de terra, cada vez mais, confirma que o processo de ocupação e povoamento da região amazônica, no primeiro milênio da era cristã, foi empreendido por grupos indígenas numerosos e com grande capacidade tecnológica para modificar o ambiente de terra firme e de várzea, imprimindo na paisagem características de sua identidade.

A descoberta desses geoglifos mudou totalmente a visão da arqueologia sobre os indígenas brasileiros. Antes, achavam que eram primitivos, longe de qualquer tecnologia. Mas os indícios mostram exatamente o contrário. Grandes estruturas foram localizadas por radares de alta tecnologia no meio da floresta brasileira, mostrando que os povos que lá habitaram tinham inteligência e tecnologia para realizar grandes projetos há mais de mil anos.

Fonte: O mistério dos geoglifos do Acre com mais de mil anos (observatorio3setor.org.br)

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