A misteriosa Pedra do Ingá, uma joia da arqueologia mundial bem aqui na Paraíba


Por Arthur Veríssimo

O Brasil é um imenso tesouro de achados arqueológicos, histórias de civilizações e cidades perdidas. Muitos caçadores de tesouros e exploradores se embrenharam em nosso país à procura do desconhecido. O destemido coronel Percy Fawcett, que inspirou a criação do personagem cinematográfico Indiana Jones, desapareceu em 1925 nas entranhas de nossas florestas, na região da serra do Roncador, em busca de vestígios de antigas civilizações.

Quem não gostaria de realizar a proeza do professor Hiram Binghan, que descobriu por mera casualidade em 1911 as imponentes ruínas de Machu Picchu no Peru? Então vamos nessa. Em 1998, estive no Cariri paraibano e conheci a maravilhosa Pedra do Ingá. Retornei depois de 18 anos, neste ano de 2016, com muita sede para decifrar os enigmas da Pedra do Ingá, o primeiro monumento arqueológico tombado como patrimônio nacional, em 1944.

O lugar fica a 97 quilômetros de João Pessoa e 46 quilômetros de Campina Grande, no interior da Paraíba. Logo que cheguei fui recebido pelos guardiões Denis Mota e o mestre Vavá Da Luz, uma dupla que protege, com muito zelo, o local da ação predatória e das agressões dos irresponsáveis ao sitio arqueológico da Pedra do Ingá.

Seu Da Luz é cativante, e Denis um grande conhecedor das trilhas e outros sítios arqueológicos. Tendo os guardiões como cicerones, rapidinho eu já estava com os olhos diante do visual desconcertante do estupendo monólito. Meu coração vibrava com a sintonia e presença do local.

O bloco de granito com seus 24 metros de comprimento por 3,8 metros de altura é um portal do além para antropólogos, arqueólogos, astrônomos, ufólogos e principalmente simples mortais como nós. No bloco de pedra estão esculpidas em baixo relevo várias figuras representando constelações, pássaros, foguetes, astros, répteis e a via Láctea. As inscrições lavradas na pedra são um enigma. Quem foram os autores?

Especulações e delírios. Para alguns foram os hebreus, etruscos, incas, astecas fenícios e até os extraterrestres. O presidente do centro paraibano de ufologia Gilberto Santos afirma que as gravuras encravadas na rocha são de origem alienígena. Outros declaram que as gravuras foram feitas pelos índios cariris, designados pelos arqueólogos como paleo-índios.

É praticamente impossível coletar uma data precisa das inscrições pelo fato de a Pedra do Ingá estar localizada à beira de um curso d´agua. Em época de chuva, fica completamente submersa. Estima-se que tenha mais de seis mil anos de história. Seu Vava da luz explica detalhadamente o significado dos desenhos, porém a interpretação final fica a critério do curioso, viajante e especialistas.

O painel mais parece um portal de conexão com o além relatando informações e acontecimentos do dia a dia do homem pré-histórico que habitava a região. A fome ruminava minhas entranhas e o intrépido seu Vavá me levou para degustar a culinária local no “memorial do cuscuz”, onde Dona Lia preparava as iguarias locais. Quando for a Paraíba, não deixe de mergulhar no Cariri e conhecer esta joia da arqueologia planetária.

Onde ficar
Hotel-fazenda Pai Mateus
O local é um oásis de tranquilidade e possui 28 apartamentos distribuídos em uma ampla área. As refeições são maravilhosas e o café da manhã oferece delícias da região. Possui wi-fi e outras mordomias. Fica distante 110 km da Pedra do Ingá e nos seus arredores está o “creme de la creme” do cariri paraibano para os amantes da natureza e caminhadas: o deslumbrante Lajedo de Pai Mateus, Sacas de lã, muralha do meio do mundo, Lajedo de Manoel de Souza e a maravilhosa Pedra do Cálice.

Arthur Veríssimo viajou a Paraíba a convite do Hotel-fazenda Pai Mateus

Fonte: http://arthurverissimo.virgula.uol.com.br/2016/02/24/a-misteriosa-pedra-do-inga-uma-joia-da-arqueologia-mundial-bem-aqui-na-paraiba/ (24/02/2016)

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