COSTA RICA – O MISTÉRIO DAS ESFERAS DE PEDRA


Por: Dalton Delfini Maziero

A Costa Rica - esse distante e pequeno país da América Central – guarda um dos conjuntos monumentais arqueológicos mais desconcertantes de nosso continente. São cerca de 300 esferas esculpidas em pedra, algumas de uma perfeição visual surpreendente! (Foto: Eleanor & Sam Lothrop/1950’s) A maior dessas bolas de pedra maciça mede 2,15 metros de diâmetro e pesa cerca de 16 toneladas. Esses estranhos artefatos inspiraram a famosa cena do filme “Caçadores da Arca Perdida” (1981), na qual o arqueólogo Indiana Jones foge desesperadamente por um túnel escuro, de uma esfera de pedra que vem em sua direção para esmagá-lo.

Na vida real, ninguém ao certo sabe para que foram usadas. Qual seria sua função, seu uso prático? As esferas de pedra foram descobertas em 1940, durante atividades agrícolas da empresa United Fruit Company (EUA). Desde então, quase todas as esferas descobertas sofreram danos. Algumas destruídas por maquinários agrícolas; outras por caçadores de tesouros que acreditavam existir ouro em seu interior. Mas a principal depredação foi o deslocamento das peças de suas posições originais. Infelizmente, como ocorre em outros sítios arqueológicos americanos, aqui também os monumentos do passado foram utilizados para ornamentação de jardins particulares e prédios modernos. A destruição de seu contexto arqueológico original dificulta hoje um estudo científico que possa explicar o seu uso no passado.

A maior quantidade de esferas encontra-se concentrada na região sul da Costa Rica, próxima ao Delta de Diquís. Quase todas esculpidas em rocha granodiorito (uma pedra dura e ígnea), e algumas poucas em coquina (pedra calcária). Estudos modernos sugerem que os antigos nativos “descascavam” a rocha como uma cebola, em camadas, mediante alterações rápidas de sua temperatura. Para isso, submetiam a esfera de pedra ao carvão quente e, em seguida, a banhos de água fria, causando assim um choque térmico que fragmentava camadas de sua superfície!

Também não se sabe ao certo quem as fez. Boa parte da região em que são encontradas era território de povos que praticavam o idioma chibchan (também usado em Honduras e Colômbia). Junto à muitas esferas, existiam restos de muros e pavimentos. As escavações feitas ao redor das esferas, revelaram fragmentos de cerâmica e enterramentos datados entre 200 a.C. e 800 d.C., e que foram relacionados aos grupos Chiriquí e Aguas Buenas.

Nos anos 1940-1950, existem relatos que nos mostram que as esferas não estavam dispostas a esmo no solo. Muitas encontravam-se alinhadas, formando linhas retas, curvas e até mesmo criando formações triangulares. Um grupo de quatro esferas foi localizado em orientação ao norte magnético, o que sugere um possível alinhamento astronômico. Seja qual for o significado das esferas de pedra da Costa Rica, elas ainda hoje desafiam a imaginação dos cientistas modernos.


Dalton Delfini Maziero é historiador, arqueólogo, explorador e escritor. Especialista em culturas pré-colombianas e história da pirataria. Autor de “Titicaca – Em Busca dos Antigos Mistérios Pré-Colombiano” e “Sacralizando o Solo: o uso simbólico e prático dos geoglifos sul-americanos”.

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