Pedra intriga arqueólogos gaúchos

Há mais de 40 anos, uma pedra com aproximadamente 30 quilos e 35 centímetros de largura está exposta no segundo piso da casa de máquinas da Usina Hidrelétrica de Itaúba, localizada entre os municípios de Pinhal Grande e Estrela Velha. Até então, ela pouco chamou atenção dos visitantes, mais interessados em conhecerem a estrutura construída para a geração de energia. Aos olhos de leigos, as inscrições constantes no bloco arenítico são, no máximo, curiosas. Para pesquisadores da área, no entanto, pode se tratar de um achado arqueológico importante para todo o Estado.

As inscrições existentes na chamada Pedra da CEEE, em uma análise inicial, podem ter mais de 5 mil anos. Possivelmente se trata de um exemplo de arte rupestre que difere, contudo, dos demais encontrados no Rio Grande do Sul, por ser em alto-relevo e apresentar uma simetria que chama a atenção.

De acordo com o assistente da Divisão do Sistema Jacuí, Ademar Santos da Rosa, que também foi morador das proximidades do lugar onde a pedra foi encontrada por operários, esse material foi colocado em exposição unicamente por fazer parte da história da construção da barragem. “Sempre achamos esse bloco curioso, mas não havíamos nos dado conta do legado histórico deixado por ele”, afirma. Intrigado, Ademar garante que solicitará cuidados redobrados no manuseio da pedra. “Devemos levar em consideração que ela pode ser uma chave para nosso passado. Como filho da terra, isso muito me orgulha”, justifica.

DÚVIDAS
Para a professora da Universidade da Região da Campanha (Urcamp – campus Alegrete), Taís Vargas Lima, doutora em Arte Rupestre, uma série de dúvidas recai sobre essa pedra. “Assim que recebi a fotografia desse bloco, entrei em contato com vários especialistas. É unânime, pelo menos por enquanto, que temos em mãos um dado importante sobre o passado. Porém, não conseguimos definir sua procedência. Precisamos realizar análises e, sobretudo, aplicar a técnica científica para chegarmos às respostas que buscamos”, frisa.

Conforme Taís, a maioria das inscrições rupestres são em baixo-relevo e não em alto, como se pode observar na pedra. “Ela tem formas que instigam pela simetria”, reforça. São conjuntos duplos em relevo uniforme em pedra arenítica que poderiam, talvez, representar uma contagem de tempo rudimentar. Também poderiam ser um emblema religioso itinerante entre as sociedades, entre várias outras formas de interpretação. “O fato é que as pessoas que fizeram não deixaram informações a respeito em nosso tempo. Por isso, há que se ter muito cuidado com qualquer conclusão precipitada. Mas fica o registro do fato nobre desse achado”, explica. A pesquisa se encontra, apenas, na fase inicial. No entanto, é possível afirmar que é muito pouco provável se tratar de algo natural.

Fonte: http://www.gaz.com.br/gazetadosul/noticia/259013-pedra_intriga_arqueologos_gauchos.html (22/01/2011)

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