Aluno da UEPB destaca-se em rede nacional discorrendo acerca da Pedra do Ingá.

Moradores de toda a Paraíba e, principalmente, do município de Ingá, acompanharam entusiasmados o Jornal Nacional, da Rede Globo, no último dia 2 de setembro. A equipe do veículo de comunicação visitou a localidade do Agreste paraibano, situada a 30 km de Campina Grande, e apresentou aspectos econômicos, políticos e sociais do lugar.

Um dos pontos altos da reportagem dizia respeito ao sítio arqueológico das Itacoatiaras, mais conhecidas como Pedra do Ingá, famosas pelas inscrições rupestres com idade provável de mais de 5000 anos. O estudante da Universidade Estadual da Paraíba, Dennis Mota Oliveira, 26 anos, foi o entrevistado do jornalista Ernesto Paglia.

Guia da Secretaria Municipal de Turismo do Ingá, pesquisador da Sociedade Paraibana de Arqueologia (SPA) e integrante do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia (LABAP) da UEPB, Dennis tem investido em estudos e pesquisas sobre sítios arqueológicos - especialmente naquela cidade - e ainda cursa Geografia na Instituição, na modalidade Educação à Distância.

Em entrevista à Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UEPB, ele falou sobre o seu dia a dia, os principais problemas enfrentados no que concerne à preservação das Itacoatiaras e o grande número de lugares a serem pesquisados na Paraíba, estado que, na opinião dele, “é um verdadeiro laboratório a céu aberto”.

ASCOM - O fato de você buscar se aprofundar em Arqueologia e estudar Geografia está relacionado ao conhecimento das Itacoatiaras e com a necessidade de preservação dos sítios arqueológicos da região?

DENNIS MOTA – Sim. Apaixonei-me pela Arqueologia quando tinha cerca de sete anos e conheci a Pedra do Ingá. Aquilo me chamou tanto a atenção que comecei a assistir programas que mostravam as escavações e trabalhos da arqueóloga Niéde Guidon, na Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI).

Quando comecei a pesquisar, investia muito em fotografias, expedições com amigos e meus pais sempre me incentivaram a fazer o que gosto, mesmo escutando afirmações negativas de alguns, para quem “procurar pedras era coisa de louco”. Também me interessei pela proteção aos sítios e percebi que as pessoas destruíam os locais por pura falta de informação. Entendi que, de alguma forma, eu precisava dar a minha contribuição nesse aspecto. Em 2005, conheci a Sociedade Paraibana de Arqueologia. Daí em diante, todas as portas se abriram para que meus estudos nessa área se intensificassem.

ASCOM - O que pretende desenvolver dentro da área?
DENNIS MOTA - Planejo usar a Geografia para entender melhor o processo da ocupação primitiva na Paraíba, bem como fazer estudos que possam colaborar para a Arqueologia no estado.

ASCOM - Que outras atividades você realiza, inclusive nos seus momentos de lazer?
DENNIS MOTA – Sou artesão, faço trabalhos com mosaicos e gosto muito de fotografia, um dos meus maiores interesses. Adoro acampar e viver em contato com a natureza, mas minha maior paixão é viajar. Conheço uma boa parte do país e também da Paraíba. Pretendo conhecer todos os 223 municípios paraibanos.

ASCOM - Você tem facilidade com a língua inglesa e com desenhos, especialmente de animais pré-históricos. Como utiliza essas habilidades no seu dia a dia de pesquisador? Pretende executar algum trabalho com isto?
DENNIS MOTA - Aprendi inglês ainda garoto, sozinho, através de músicas e de filmes, conseguindo me aperfeiçoar, posteriormente, em uma escola particular. Em relação ao desenho, hoje sou desenhista da equipe do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB, sob a coordenação dos professores Juvandi Santos e Márcio Mendes.

ASCOM - Há outros sítios arqueológicos em Ingá, além das Itacoatiaras? Quais são eles?
DENNIS MOTA - Além da Pedra do Ingá, existem as “primas” das Itacoatiaras, num sítio que fica na divisa entre os municípios de Ingá e Mogeiro. O lugar é conhecido como Poço do Sapateiro e, observando os traços lavrados nas pedras, temos a mesma impressão de terem sido feitos pelos mesmos autores das inscrições do Ingá. Também há a Pedra da Lua, localizada no distrito de Chã dos Pereiras, que apresenta inscrições rupestres, igualmente.

ASCOM - O que você acha que deve ser feito para resguardar as inscrições rupestres e preservar o ambiente das Itacoatiaras?
DENNIS MOTA – Para preservar é necessário proibir o uso do local na prática de piqueniques, comércio e consumo de bebidas alcoólicas e controlar o fluxo de visitantes, que devem ser apenas curiosos, estudantes e pesquisadores. Essas iniciativas já foram tomadas pela Justiça e pela Prefeitura.

ASCOM – Você já apresentou as Itacoatiaras a expedições de pesquisadores de outros estados brasileiros e até de outros países. Como foi essa experiência e o que os visitantes comentam a respeito do sítio?
DENNIS MOTA – As experiências são sempre boas, mas fico na expectativa de que essas pessoas possam nos ajudar não apenas divulgando, mas fazendo um apelo às autoridades para que dêem mais valor ao nosso passado. Em outros países esse tipo de patrimônio é tão valorizado. Por que isso não acontece no Brasil? As universidades, inclusive, poderiam se engajar mais na causa, pois a nossa Paraíba é um laboratório a céu aberto. Hoje temos o LABAP da UEPB nos apoiando, mas precisamos de muito mais incentivos.

ASCOM - Como você conciliaria sua situação de morador do Ingá, interessado em preservar o ambiente em que vive, e de guia/pesquisador do Sítio Arqueológico?
DENNIS MOTA - Como simples morador e como uma pessoa leiga no assunto, no mínimo, eu iria tentar entender o porquê de tanta gente de outros estados e até mesmo de outros países darem tanto valor à Pedra do Ingá. Como pesquisador e guia, só posso tentar abrir os olhos de quem tiver interesse e passar os meus conhecimentos para a posteridade.

ASCOM - Quais são seus planos para o futuro?
DENNIS MOTA - Pretendo me formar e continuar nesta área, mesmo sendo ela tão desvalorizada. Almejo, também, conhecer alguns dos mais famosos sítios arqueológicos do mundo e as obras egípcias.

Fonte: http://www.clickpb.com.br/artigo.php?id=20100906043226&cat=paraiba&keys=aluno-uepb-destacase-rede-nacional-discorrendo-acerca-pedra-inga (06/09/2010)

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