Enigmas dos Maias decifrados nas suas casas


Investigadores avaliaram o modo de vida e os rituais das pessoas comuns num antigo povoado Maia, onde hoje é Belize

Não eram reis nem sacerdotes, mas apenas pessoas comuns que viveram há mais de mil anos onde hoje é Belize, na América Central. Eram o povo da antiga civilização Maia. Não sabiam ler nem escrever. No entanto, deixaram a sua história registada na forma como fizeram as suas casas. Essa história, ainda hoje cheia de mistérios, está a ser desvendada por arqueólogos e a mostrar como viviam esses antigos Maias.

A ideia de estudar as casas "normais" dos Maias - eram agricultores e construtores, ou domésticos de senhores importantes -, para conhecer o seu modo de vida, foi de uma equipa de arqueólogos da universidade norte-americana de Illinois, liderada por Lisa Lucero, que tem feito escavações em Belize, em sítios que eram sagrados para aquele povo.

Os primeiros resultados mostram que ciclicamente, em momentos importantes do calendário Maia, as pessoas demoliam as suas casas, seguindo um ritual preestabelecido. Deitavam as paredes abaixo, queimavam o chão, enterravam aí os seus mortos, juntamente com alguns artefactos de determinadas cores, como tigelas e jarras vermelhas, queimavam tudo de novo e só depois reconstruíam sobre o que ficava. De acordo com o estudo da equipa de Lisa Lucero, cujos resultados foram publicados no último número da revista científica Journal of Social Archaelogy, este tipo de rituais ocorria em geral a cada 40 ou 50 anos, provavelmente em datas importantes do calendá- rio Maia. Na reconstrução das casas, as pessoas reutilizavam pedaços coloridos dos artefactos queimados durante aqueles rituais.

Os Maias tinham escrita, mas só as classes do poder tinham acesso a ela e, portanto, ao registo histórico. No entanto, segundo Lisa Lucero, "o povo também tinha uma forma de registar a sua própria história, e não apenas a sua história familiar mas também a do seu lugar no cosmos", como explicou a investigadora, citada pela Science Daily.

Estes rituais de destruição e renascimento da própria habitação eram conhecidos dos arqueólogos há décadas. No entanto, Lisa Lucero decidiu olhar em detalhe para a forma como as pessoas dispunham corpos e artefactos, incluindo as cores escolhidas, para tentar decifrar o seu significado.

A equipa escavou duas habitações num pequeno povoado Maia designado Saturday Creek, na região central do Belize. As casas foram habitadas entre os anos 450 e 1150 d. C., ou seja, em pleno período clássico da civilização Maia.

Uma das descobertas prende- -se com os mortos que eram enterrados nas casas nestes rituais. De acordo com Lisa Lucero, nem todos tinham direito a isso, mas também não há provas de que esses fossem os membros mais importantes da família. A hipótese da equipa é que a morte dessas pessoas coincidia com datas-chave do calendário Maia.

Fonte: Portugal, http://dn.sapo.pt/ (17/04/2010)

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