Em busca das respostas do passado



Escondido do tempo e do homem, um pedaço de terra carregado com resquícios indígenas ainda não revelou seus segredos. Localizado entre os municípios de Barbosa Ferraz e Campo Mourão, o terreno vem mostrando ferramentas antigas, utensílios de barro e pedras misteriosas a comunidade local. Devido ao seu desconhecimento frente a pesquisadores, os objetos encontrados passaram as mãos dos lavradores, que ainda se divertem com as histórias e lendas do chamado “Cemitério dos Índios”.

Na verdade trata-se de um sítio arqueológico ainda inexplorado pela comunidade científica. Segundo os proprietários da terra – Sítio São Bento – corpos de indígenas estão enterrados ali, não se sabe a quanto tempo. João Batista Xavier conta que chegou ao local ainda em 67 e, desde então, passou a encontrar objetos em meio a plantação. Em sua casa guarda machadinha e outras ferramentas indígenas. Até mesmo uma pedra misteriosa, totalmente polida, achou na terra. “Essa pedra não poderia estar aqui. Foi trazida pelos índios de algum outro local distante da região”, diz.

Irmão de João, Osvaldo Xavier também guardou em casa um pedaço de barro trabalhado, possivelmente de uma panela indígena. “Encontrei no local. Não gostamos de falar, mas certamente existem corpos de índios enterrados na propriedade”, afirma. Conta ele que há anos avistou feixes de luz incidindo sobre o “Cemitério dos Índios”. “Não sei o que era, mas dava medo de ver”, diz. Hoje uma grande pedra marca o local onde fica o sítio arqueológico ainda não explorado. Um canavial foi plantado sobre todo o terreno, dificultando ainda mais o trabalho de pesquisadores. Atualmente, o local faz parte do “Caminho do Peabiru”.

Pesquisa de Campo
Pesquisador, doutor e professor da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam), Mauro Parolin foi até a propriedade a convite da TRIBUNA e se deparou com uma enormidade de vestígios indígenas. Somente nos primeiros passos já encontrou fragmentos de vasos construídos por índios e pedras afiadas que serviam como ferramentas. “Estou convencido que realmente se trata de um sítio arqueológico”, afirmou. Durante pouco mais de duas horas no local, Parolin saiu com uma sacola de objetos encontrados em meio a terra, todos ainda na superfície.

De acordo com ele, parte do material deverá ser enviado para análise, a fim de saber com exatidão o ano em que os indígenas habitaram o local. “O único problema é que não temos recursos para isso. Mas o objetivo é desvendar este segredo”, conta. Por causa da atividade econômica da terra, grande parte dos materiais acabou sendo destruída pelo homem. Talvez, por isso, não haja interesse maior em aprofundar estudos no local. “O sítio arqueológico foi totalmente descaracterizado”, disse. De acordo com ele, possivelmente se tratam de vestígios dos Guaranis, os mesmos indígenas que habitaram Vila Rica do Espírito Santos, em Fênix, há quase 500 anos. Os achados da última semana envolvem pedaços de panelas de barro trabalhadas, fragmentos de urnas (que guardavam ossos) e pedras polidas.

História
O Estado do Paraná, desde muito antes da chegada dos europeus ao Brasil, foi habitado por diversos grupos indígenas. Esses indígenas deixaram por todo o estado vestígios de sua cultura material, ou seja, os objetos e utensílios por eles criados. Esses vestígios são objetos elaborados em pedra (lâminas de machados, mãos de pilões, pontas de flechas, raspadores), fragmentos de cerâmica utilitária, pinturas e gravações rupestres, restos alimentares e sepultamentos.

A descoberta desses vestígios é relativamente comum, e geralmente ocorre por meio de lavradores ao ararem e prepararem o solo para o plantio. Os achados também ocorrem durante a abertura de estradas, aterros, terraplenagem e outras obras que movimentem grandes quantidades de terra. O comércio desse tipo de material é crime.

Em 1961, todos os sítios arqueológicos brasileiros foram transformados em patrimônio da União, a fim de evitar sua destruição pela exploração econômica. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tem registrado aproximadamente 8562 sítios arqueológicos.

Fonte: Brasil, www.tribunadointerior.com.br/ (11/04/2010)

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