Amazônia teve civilização complexa
Cientistas descobriram sinais deixados por sociedade pré-colombiana; formas geométricas se espalham por 250 km
Tory Carroll
A lenda atraiu legiões de exploradores e aventureiros à morte: haveria um antigo império de cidadelas e tesouros ocultos nas profundezas da selva amazônica. Conquistadores espanhóis se aventuraram na floresta buscando fortuna e foram seguidos ao longo dos séculos por outros, convencidos de que descobririam uma civilização perdida tão importante quanto a Asteca e a Inca. Alguns a chamaram de El Dorado, outros, de a Cidade de Z.
Mas a selva os engoliu e nada foi encontrado, o que levou o resto do mundo a chamá-la de mito. A Amazônia era inóspita demais, diziam estudiosos do século 20, para permitir grandes assentamentos humanos. Mas os sonhadores estavam certos. Novas imagens de satélite e sobrevoos revelaram mais de 200 enormes construções geométricas escavadas na Bacia Amazônica Superior, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia.
Espalhados por 248 quilômetros, os círculos, quadrados e outras formas geométricas formam uma rede de avenidas, valetas e recintos construídos muito antes de Cristóvão Colombo. Alguns chegam a datar de 200 a. C., outros, de 1283. Os cientistas que as mapearam acreditam que pode haver outras 2.000 embaixo das árvores.
As estruturas, muitas reveladas pelo desmatamento, mostram uma "sofisticada sociedade pré-colombiana construtora de monumentos", diz a revista especializada Antiquity, que publicou a pesquisa. O artigo acrescenta: "Esse povo até agora desconhecido construiu fortificações com um plano geométrico preciso, conectadas por estradas ortogonais retas." Chamadas de geoglifos, as figuras estendem-se por uma região de mais de 250 quilômetros e compõem uma rede de trincheiras com 11 metros de largura e barrancos de 1 metro. Acredita-se que eram usadas como fortificações, moradias e para cerimônias. Poderiam abrigar 60 mil pessoas.
As descobertas demoliram ideias de que os solos da Amazônia eram muito pobres para sustentar uma agricultura extensiva, diz Denise Schaan, coautora do estudo e antropóloga da Universidade Federal do Pará. Ela disse à National Geographic: "Há muito mais para se descobrir nesses locais. Toda semana achamos novas estruturas." Muitos montes eram simétricos e inclinados para o norte, levando a teorias de que tinham um significado astronômico.
Houve surpresa com o fato de as construções nas planícies aluviais e nas áreas elevadas terem um estilo parecido. "Na arqueologia amazônica sempre se teve a ideia de que se encontram povos diferentes em diferentes ecossistemas", diz Denise.
As primeiras formas geométricas foram achadas em 1999. Para alguns antropólogos, o feito rivaliza com as pirâmides do Egito. Outras descobertas foram feitas na região do Xingu, de aldeias interligadas conhecidas como "cidades jardins", com casas e fossos. "As revelações estão explodindo nossas percepções sobre como as Américas realmente eram antes da chegada de Colombo", diz David Grann, autor de The Lost City of Z. E também vingam Percy Fawcett, o britânico que liderou uma expedição para encontrar a Cidade de Z e desapareceu.
Fonte:
Brasil, www.estadao.com.br/ (11/01/2010)
Tory Carroll
A lenda atraiu legiões de exploradores e aventureiros à morte: haveria um antigo império de cidadelas e tesouros ocultos nas profundezas da selva amazônica. Conquistadores espanhóis se aventuraram na floresta buscando fortuna e foram seguidos ao longo dos séculos por outros, convencidos de que descobririam uma civilização perdida tão importante quanto a Asteca e a Inca. Alguns a chamaram de El Dorado, outros, de a Cidade de Z.
Mas a selva os engoliu e nada foi encontrado, o que levou o resto do mundo a chamá-la de mito. A Amazônia era inóspita demais, diziam estudiosos do século 20, para permitir grandes assentamentos humanos. Mas os sonhadores estavam certos. Novas imagens de satélite e sobrevoos revelaram mais de 200 enormes construções geométricas escavadas na Bacia Amazônica Superior, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia.
Espalhados por 248 quilômetros, os círculos, quadrados e outras formas geométricas formam uma rede de avenidas, valetas e recintos construídos muito antes de Cristóvão Colombo. Alguns chegam a datar de 200 a. C., outros, de 1283. Os cientistas que as mapearam acreditam que pode haver outras 2.000 embaixo das árvores.
As estruturas, muitas reveladas pelo desmatamento, mostram uma "sofisticada sociedade pré-colombiana construtora de monumentos", diz a revista especializada Antiquity, que publicou a pesquisa. O artigo acrescenta: "Esse povo até agora desconhecido construiu fortificações com um plano geométrico preciso, conectadas por estradas ortogonais retas." Chamadas de geoglifos, as figuras estendem-se por uma região de mais de 250 quilômetros e compõem uma rede de trincheiras com 11 metros de largura e barrancos de 1 metro. Acredita-se que eram usadas como fortificações, moradias e para cerimônias. Poderiam abrigar 60 mil pessoas.
As descobertas demoliram ideias de que os solos da Amazônia eram muito pobres para sustentar uma agricultura extensiva, diz Denise Schaan, coautora do estudo e antropóloga da Universidade Federal do Pará. Ela disse à National Geographic: "Há muito mais para se descobrir nesses locais. Toda semana achamos novas estruturas." Muitos montes eram simétricos e inclinados para o norte, levando a teorias de que tinham um significado astronômico.
Houve surpresa com o fato de as construções nas planícies aluviais e nas áreas elevadas terem um estilo parecido. "Na arqueologia amazônica sempre se teve a ideia de que se encontram povos diferentes em diferentes ecossistemas", diz Denise.
As primeiras formas geométricas foram achadas em 1999. Para alguns antropólogos, o feito rivaliza com as pirâmides do Egito. Outras descobertas foram feitas na região do Xingu, de aldeias interligadas conhecidas como "cidades jardins", com casas e fossos. "As revelações estão explodindo nossas percepções sobre como as Américas realmente eram antes da chegada de Colombo", diz David Grann, autor de The Lost City of Z. E também vingam Percy Fawcett, o britânico que liderou uma expedição para encontrar a Cidade de Z e desapareceu.
Fonte:
Brasil, www.estadao.com.br/ (11/01/2010)
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