Pesquisa arqueológica de Sambaquis revela pré-história do Maranhão


Sítios arqueológicos formados por amontoado de conchas, restos alimentares e cultura material há muito tempo são referência para a pesquisa arqueológica e o passado pré-histórico do Estado do Maranhão.

Já na década de 1930, por influência das pesquisas do eminente pesquisador maranhense Raimundo Lopes, ligado ao Museu Nacional-RJ, o Sambaqui do Pindaí localizado em Passo Lumiar na Ilha de São Luís, foi tombado pelo Governo Federal por preservar relíquias de antigos povos indígenas. O patrimônio arqueológico foi protegido anteriormente ao decreto lei n° 3.924/61 que salvaguarda todo sítio arqueológico como Patrimônio da União. Atualmente esse sambaqui encontra-se totalmente destruído por ações antrópicas (construção de estradas, residências, extração de terra preta, etc).

Outro pesquisador que deu visibilidade a ocupação humana pré-histórica da Ilha de São Luís foi Mário Ferreira Simões ligado ao Museu Paraense Emílio Goeldi que realizou na década de 1970 o Projeto São Luís. A pesquisa inspecionou oito sambaquis com o objetivo de comparar os sítios residuais de São Luís com os do litoral leste e litoral paraense. Essas pesquisas resultaram nas primeiras datações para os assentamentos humanos pré-históricos do Estado do Maranhão, em torno de 2.686 anos antes do presente. O grande contributo da investigação foi a comprovação da ocorrência de cerâmica no registro arqueológico desses tipos de sítios, até então uma realidade apenas para o Litoral equatorial amazônico. Infelizmente o material evidenciado permanece sem uma análise aprofundada.

Em andamento desde 2004 as pesquisas do arqueólogo maranhense Arkley Bandeira do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo no Parque Estadual do Bacanga já foram tema da sua dissertação de mestrado sobre a ocupação de povos pescadores-coletores-caçadores-ceramistas do Sambaqui do Bacanga. As escavações nesse sambaqui favoreceram o estabelecimento de um contexto arqueológico inédito para o litoral maranhense, reinserindo os sambaquis cerâmicos do Litoral Equatorial Amazônico na pauta mais recente da Arqueologia Brasileira.

Atualmente o arqueólogo desenvolve o Projeto Sambaquis do maranhão na sua pesquisa acadêmica de doutorado da referida instituição, cujos objetivos são a caracterização dos grupos de pescadores-coletores e caçadores do litoral do Maranhão a partir da tecnologia, cultura material, subsistência e assentamento espaço-temporal dos sítios remanescentes desses povos sambaquieiros. A análise está centrada na escavação sistemática de três sítios arqueológicos denominados: Sambaqui do Bacanga em São Luís - MA, Sambaqui da Panaquatira em São José de Ribamar - MA e Sambaqui do Mocambo em Cururupu - MA. A perspectiva analítica do doutorado está centrada no estudo inter-sítios no estabelecimento de uma cronologia evidenciada na ocorrência de horizontes cerâmicos datados de 6.600 anos antes do presente em Sambaquis do Norte Brasileiro.

Pedro Gaspar - Canal Verde

Fonte: Brasil, www.canalverde.tv/ (19/01/2010)

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