Projeto estuda sítio arqueológico

Através de escavações, pesquisadores tentam desvendar os segredos sobre populações indígenas em São José do Cerrito.

São José do Cerrito. O pequeno município, de aproximadamente 10 mil habitantes, localizado na Serra Catarinense, guarda segredos incríveis sobre populações que povoaram o Brasil anos antes do seu descobrimento. A cidade tem a maior concentração de casas subterrâneas do país, que estão sendo exploradas pelo Projeto Arqueológico São José do Cerrito.

Fazem parte da equipe sete integrantes do grupo de escavação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS). Entre eles, estão os responsáveis pelo projeto, os doutores em Arqueologia Marcus Vinícius Beber e Jairo Henrique Rogge, um doutorando em História, um acadêmico de Biologia e três estudantes de História.

Os trabalhos iniciam cedo, quando o dia começa a clarear. A localidade explorada fica a 20 quilômetro do centro da cidade, na comunidade Rincão dos Albinos. O acesso ao local é difícil. O grupo precisa fazer uma caminhada de 30 minutos para chegar e lá ficam até anoitecer. Todos estão alojados em uma pousada a alguns quilômetros das escavações.

A expedição está no local desde o dia 3 de janeiro e deve permanecer até o dia 28, quando volta à universidade para, em laboratório, catalogar todos os objetos encontrados.

O projeto, financiado pela Unisinos e com verba do Conselho Nacional de Pesquisa, tem uma grande importância para a arqueologia brasileira. Nos dois sítios que estão sendo explorados foram identificadas 104 casas pelos escavadores. O doutor Jairo diz que uma área dessa proporção leva gerações de pesquisadores para ser totalmente catalogada e que esse trabalho é extremamente minucioso.

As casas subterrâneas eram burracos feitos pelos grupos indígenas e, provavelmente cobertos com palha ou folhas de árvores. O solo nesses locais é impermeável, e por isso as casas ficavam protegidas da água da chuva, que escoava por fora, sem molhar o seu interior.

O trabalho dos sete pesquisadores é cavar esses burracos em busca de material de estudo. Nestes locais, eles escolheram três casas para o trabalho. Uma grande, uma média e uma pequena.

Segundo Marcus Vinícius, o objetivo de uma expedição como esta é produzir uma história da ocupação pré-colonial regional e, até mesmo, nacional., a história indígena do Brasil.

Com a pesquisa e coleta desses materiais é possível descobrir informações detalhadas sobre a intensidade do povo que vivia ali, sua forma de viver e cultura, explica o especialista.

Para os acadêmicos, essa oportunidade está sendo valiosíssima. Fabiane Rizzardo, 21, estudante de História diz estar se realizando na expedição.

vania.boza@diario.com.br
VANI BOZA | SÃO JOSÉ DO CERRITO

FONTE: HTTP://WWW.CLICRBS.COM.BR/DIARIOCATARINENSE/JSP/DEFAULT2.JSP?UF=2&LOCAL=18&SOURCE=A3176979.XML&TEMPLATE=3898.DWT&EDITION=16303&SECTION=213 (16/01/2011)

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